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Vibra faz aposta maior na importação

A importação de óleo diesel será uma linha de negócios permanente para a Vibra Energia. Ao criar uma trading de combustíveis, a empresa pretende fazer das compras no mercado internacional uma atividade relevante do mix de negócios, usando a capacidade logística e a maior escala de compra para aproveitar eventuais oportunidades de curto prazo, bem como buscar alternativas seguras de suprimento no mercado interno.

A Vibra liderou a importação de combustíveis, especialmente diesel, no segundo trimestre e precisou elevar estoques como proteção para eventuais riscos de desabastecimento. A operação teve impacto negativo no capital de giro, mas garantiu à empresa o primeiro lugar no ranking de compra do insumo, especialmente após a saída de cena, temporariamente, de importadores independentes.

Esse quadro, porém, pode mudar nos próximos meses, com a Petrobras mantendo-se próxima da paridade de importação, o que pode fazer com que os importadores retornem e dividam espaço com a Vibra.

A curto e médio prazos a Vibra quer aproveitar as qualidades que possui para explorar oportunidades, o que não acontecia na antiga BR Distribuidora, quando era estatal. “A importação veio para ficar”, disse o diretor vice-presidente de finanças, compras e relações com investidores da Vibra Energia, André Natal.

Segundo ele, a importação era até pouco tempo vista na Vibra como uma atividade complementar para suprimento do diesel, mas a atual estrutura abre espaço para gerar resultados para a empresa, indo além de apenas buscar preços menores no mercado externo.

Segundo Natal, a estabilidade na demanda de quase todos os combustíveis foi “bastante surpreendente”, mesmo com preços mais elevados, de modo que o consumo teve comportamento de níveis próximos à pré-pandemia. No segundo trimestre, o descolamento dos preços do diesel no mercado internacional ante as cotações do óleo cru (“crack spread”) se refletiu nas finanças da Vibra, que registrou lucro líquido de R$ 707 milhões, alta de 85% sobre igual período de 2021.

Natal não vê, assim, espaço para expansão mais forte da demanda por combustíveis nos próximos meses, embora atualmente seja difícil fazer previsões. Ele ressaltou, porém, que a Vibra vem batendo metas de volumes de vendas de combustíveis.
“A princípio, não esperaria um crescimento maior da demanda, visto que ela aparentemente não retraiu. O Brasil, vai bem, obrigado”, disse.

Já a redução do ICMS sobre os preços dos combustíveis é positiva para a Vibra Energia, avalia Natal, porque além de ser uma parcela relevante do preço, o imposto é recolhido num regime de substituição tributária em que o produtor ou o importador recolhe o tributo que recai sobre todos os elos da cadeia.

Com uma alíquota menor, explicou Natal, o valor a ser pago sobre o diesel pela Vibra também é menor, o que significa mais caixa para a companhia e menos despesa na aquisição do combustível. Porém, os efeitos contábeis desse fato, também conhecido como perda de estoque, só serão percebidos no terceiro trimestre - não só pela Vibra, mas por todo o setor. Para o consumidor, avalia Natal, o benefício com a limitação da incidência da alíquota do ICMS entre 17% e 18% não se restringe apenas à queda do preço nas bombas, mas pela simplificação que a medida proporciona. A chamada monofasia, diz Natal, traz menos espaço para a sonegação de impostos.

“Quando se tem um sistema muito complexo, cria-se espaço para todo tipo de manobra”, destacou. Além disso, salientou, a eventual perda de receita de Estados com a arrecadação do ICMS pode ser compensada pelo fato de que mais postos passarão a pagar o tributo de forma correta. Natal disse ainda que a privatização da ESGás abriu oportunidade para a empresa vender participação de 49% porque o segmento de gás canalizado, por ser regulado, tem características diferentes dos negócios nos quais atua. Isso implicaria lidar com altos volumes de investimentos em uma área de concessão regional, lidando com regras regionais, em sinergia com outros segmentos. O foco recai, por exemplo, na área de gás natural liquefeito (GNL), do tipo “small scale”, cujo novo negócio ainda está sendo formatado e deve ser anunciado em breve.

Quanto à Comerc Energia, comercializadora adquiria pela Vibra no ano passado, Natal contou que, embora a Vibra tenha interesse em deter o controle do grupo, a opção de compra de até 50% do capital da empresa a partir de 2026 vai ser exercida em função da ”vontade” das duas partes.Para ler esta notícia, clique aqui.

Autor/Veículo: Valor Econômico
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