A força da mobilização

A força da mobilização

Em outubro, tive a oportunidade de visitar a NACS Show, a maior feira do setor de postos e lojas de conveniência nos Estados Unidos. Uma das boas surpresas foi constatar o crescimento significativo da participação de revendedores brasileiros, comprovando que nossos empresários estão cada vez mais preocupados em aprimorar seu negócio, saber quais são as tendências lá fora e descobrir como adaptá-las à nossa realidade. Aliás, comumente sou questionado por revendedores se de fato vale a pena ir à NACS Show, já que, em diversos aspectos, o mercado norte-americano é bastante diferente do brasileiro. E minha resposta é, sem dúvida, sim! Primeiramente, porque é sempre bom conferir com os próprios olhos como se comporta um mercado que lida com 160 milhões de transações por dia, gerando um faturamento de US$ 681 bilhões anuais. Além disso, percebo uma aproximação entre os dois os mercados. Com a expansão da classe média e o ganho de renda da população, cada vez mais o consumidor brasileiro aceita gastar um pouco mais na loja, enquanto abastece o carro, em troca da conveniência de não ir a um supermercado e encarar as filas dos caixas. No setor de combustíveis, caminhamos para a utilização, em janeiro de 2013, do S10, o diesel com ultrabaixo teor de enxofre. Nos Estados Unidos, já se usa o S15 (com 5 ppm a mais de enxofre). Nessa última visita à feira, constatamos que os revendedores norte-americanos estão de cabelo em pé com a corrosão, possivelmente associada a esse novo tipo de diesel, algo que ainda não tínhamos detectado, até pela falta de experiência com esse novo combustível. Por outro lado, só agora eles começam a utilizar percentuais maiores de etanol na gasolina: mistura de até15%, autorizada apenas para os carros produzidos a partir de 2001 ou veículos flex fuel. O grande problema é que o próprio motorista abastece seu automóvel nos Estados Unidos e os revendedores temem ser responsabilizados por abastecimentos errôneos. A ampla experiência norte-americana no self service, por sinal, é algo que chama a atenção dos empresários brasileiros, em tempos de escassez de mão de obra e custos operacionais em alta. Pessoalmente, no entanto, acredito que o nosso mercado ainda não está maduro o suficiente para adotarmos essa prática. Mas o que de fato salta aos olhos quando vou a este evento é a mobilização política da categoria. A briga contra as práticas abusivas das administradoras de cartões de crédito e de débito já lhes rendeu o direito de cobrar preços diferenciados, a depender do tipo de pagamento, e impôs uma redução de quase 50% nas taxas cobradas dos lojistas. Embora seja uma vitória de encher os olhos, eles estão cientes de que ainda é pouco. Visa e Mastercard propuseram um acordo antitruste no valor de US$ 7,2 bilhões e, agora, a mobilização é para conseguir assinaturas e mostrar à Justiça que a categoria não concorda com esse acordo, já que ele não corrige as distorções do sistema e apenas impõe uma penalidade financeira relativamente leve, diante do faturamento dessas gigantes. Quem percorreu os corredores da feira também pôde conferir em alguns painéis como cada senador votou nos projetos que afetam a categoria e ainda viu um debate entre o republicano Rick Santorum e o democrata Howard Dean, mostrando que política importa muito na nossa área, embora nem todos revendedores tenham plena consciência disso. As vitórias da NACS nos mostram a importância da mobilização, do engajamento, da participação de cada revendedor para que tenhamos a Fecombustíveis e os Sindicatos Filiados cada vez mais fortes e representativos perante os nossos legisladores. E isso só será possível com sua participação. Não se esqueça disso!

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