Colhendo os frutos

Colhendo os frutos

No final de maio, a Fecombustíveis lançou o Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2012, cujos principais pontos podem ser conferidos na edição de capa deste mês da Combustíveis & Conveniência. A publicação completa está disponível no site: www.fecombustiveis.org.br/relatorio2012 Recomendo a todos os revendedores a darem, pelo menos, uma espiada no trabalho. É uma excelente chance de ver todos os números de 2011 reunidos e analisá-los com o distanciamento e a frieza que só o tempo nos traz. Lá é possível conferir, por exemplo, como nós, revendedores, sofremos os maiores impactos da crise do etanol, repassando aos consumidores altas menores que as registradas nas usinas e nas distribuidoras. Aliás, os números mostram que a margem da revenda cresceu sempre abaixo do incremento registrado pelas nossas parceiras distribuidoras. Neste ano, há no Relatório um capítulo sobre o mercado norte-americano. Pelo menos uma vez por ano visito os Estados Unidos, participando da NACS Show, a maior feira do setor, e lá posso conferir tendências. O mercado norte-americano está em transformação: as grandes distribuidoras deixam, pouco a pouco, o mercado varejista (reorientando suas atividades), enquanto as grandes redes de supermercado estão com planos congelados (em grande parte, por causa da crise). Com isso, os empresários independentes ganham cada vez mais espaço, mas também precisam ser mais criativos para enfrentar a concorrência. Lá, o combustível é tratado como commodity e tem como principal função atrair o consumidor para o estabelecimento. Uma vez lá, é preciso convencê-lo a gastar na loja de conveniência ou em outros serviços, que, embora respondam por cerca de 30% do faturamento, são responsáveis por quase 60% do lucro. Também em maio, a ANP publicou a nova especificação do biodiesel. A principal modificação veio no teor de água permitido. Atualmente, esse patamar está em 500 partes por milhão (ppm), bem acima, portanto, das 200 ppm estabelecidas como limite para o S10, o óleo diesel de baixíssimo teor de enxofre, altamente suscetível à contaminação e que será utilizado no país a partir de janeiro de 2013. Pela nova especificação, os produtores têm 60 dias para reduzir o limite de água para 380 ppm. Em janeiro de 2013, esse patamar cai para 350 e em janeiro de 2014, para 200 ppm. Por que esse dado importa? A presença de água tem sido apontada como um dos principais fatores para a formação de borra em tanques e filtros. Quanto maior o teor de água (seja do ambiente, ou do próprio produto), crescem as chances de proliferação de micro-organismos, responsáveis pela formação de resíduos. Os produtores europeus já praticam esses patamares baixos de limite de água, embora a legislação até permita níveis superiores. Mas lá eles sabem que, sem qualidade, não têm mercado. A nova especificação da ANP ficou aquém do que defendíamos: 200 ppm já em janeiro de 2013. Entretanto, esperamos que essa redução significativa na quantidade de água, aliada a melhores práticas de armazenagem e transporte do produto, possam reduzir na ponta os problemas que a revenda vem enfrentando. O que vai acontecer em janeiro de 2013, no entanto, permanece uma incógnita. Até o momento, as notícias que recebemos é de que o S10 dificilmente chega com 10 partes por milhão de enxofre nos postos, devido a contaminações no meio do caminho. Imagine isso tudo aliado a um biodiesel que terá limite de água superior ao permitido nesse diesel de altíssima qualidade? Temos pouco mais de um semestre para discutir todos esses pontos com a ANP e assim evitar, mais uma vez, que os problemas da cadeia se convertam em penalidades para os postos.

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