Estamos de fato mobilizados?

Estamos de fato mobilizados?

Durante sua participação no último encontro de revendedores do Nordeste, o deputado federal Laércio Oliveira recomendou que as classes empresariais, de forma geral, aprendessem com as centrais de trabalhadores a importância da mobilização política na defesa de seus interesses. Isso não significa apenas pagar sua contribuição sindical e esperar que os líderes sindicais resolvam todos os problemas da categoria, mas sim participar de fato, estar presente em assembleias, questionar, criticar, dar sua opinião. Quem acompanha as novas legislações que estão sendo discutidas ou entraram em vigor recentemente pode verificar como muitas delas vêm impondo proteções excessivas, elevando demasiadamente os custos das empresas, sem que quaisquer contrapartidas sejam oferecidas. Isso não quer dizer, em hipótese alguma, que sejamos contrários às conquistas socioeconômicas, mas é necessário perceber que simplesmente chamar o setor privado para pagar a conta é elevar o custo Brasil e tornar as empresas cada vez menos competitivas. E não existe geração de emprego sem empresas saudáveis e lucrativas.  As nossas frentes de batalha em Brasília são inúmeras: o preço excessivo do diesel de baixo teor de enxofre; a pressão dos produtores para elevar o percentual de biodiesel no diesel, sem que os devidos problemas de qualidade tenham sido resolvidos; as abusivas taxas cobradas nos cartões de crédito; a questão tributária; a sonegação no etanol. Para sobreviver como categoria empresarial nos próximos anos, a revenda de combustíveis nacional vai precisar passar por profundas reformas. Afinal, as legislações cada vez mais restritivas, as regras ambientais, as exigências fiscais e as pesadas multas impõem um nível elevado de profissionalização e especialização. Além disso, com tendência de margens cada vez menores nos combustíveis, é imprescindível transformar o posto em uma estação de serviços, com lojas atrativas e ofertas de serviços variados. Muitos donos de postos já fizeram essa transição, outros ainda vivem num modelo de negócios bastante dependente de suas companhias, confiando cegamente na qualidade dos produtos fornecidos ou nas informações por elas prestadas. Para este último tipo de empresário, já passou da hora de assumir a rédea de seus negócios, de realizar os testes de qualidade, de coletar e guardar sua amostra-testemunha e fazer as contas para saber se aquele contrato assinado há anos é de fato vantajoso. Além da profissionalização, é importante ter a visão de que essa nova categoria de posto revendedor que começa a emergir precisa ter voz ativa, estar unida para se fazer ouvir pelas autoridades. Afinal, estamos entre as maiores arrecadações estaduais e entre os principais geradores de vagas formais do país, muitas vezes até oferecendo o primeiro emprego e capacitando nossa própria mão de obra. Sempre costumo citar o exemplo dos revendedores norte-americanos, que hoje não se preocupam com guerra de preços nos combustíveis. Ao contrário, entenderam que se tratava de uma commodity e utilizam-nos apenas para atrair consumidores para os demais serviços oferecidos pelo estabelecimento. Lá os desafios também são imensos e envolvem duras restrições à venda de bebidas e de tabacos, novas regras para rotulagem dos alimentos etc. Mas eles se deram conta da força que possuem e estão conseguindo importantes vitórias, dentre as quais a possibilidade de cobrar preços diferenciados para pagamento em cartões e a definição de um teto para as taxas que podem ser cobradas pelas administradoras. E é assim, juntos e cada mais profissionais e conscientes, que devemos levar adiante nossos pleitos, ao invés de apenas reagirmos a cada novo problema que acontece. Somente com sua participação teremos Sindicatos e Federação cada vez mais fortes. E, como consequência, um melhor ambiente de negócios.

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