Hora de negociar

Hora de negociar

Depois de anos pedindo mudanças no setor de cartões de crédito, finalmente vamos sentir os efeitos das primeiras medidas concretas. Isso porque em 1º de julho começa efetivamente a vigorar o compartilhamento das máquinas leitoras de cartão de crédito e débito (os chamados POS). Ou seja, ao invés de três ou quatro máquinas ocupando espaço sobre o balcão ? e pior, gerando custos de energia e aluguel de cada terminal ? o comerciante terá a opção de escolher apenas uma para utilizar as diversas bandeiras. Além dessa economia, que apesar de pequena não é desprezível no final do mês, a unificação dos POS finalmente permitirá que o revendedor negocie com as operadoras de cartão e vá ao mercado em busca das melhores condições de negócio. A nossa expectativa é que os efeitos positivos da concorrência abram espaço para que surjam ofertas mais atrativas no que diz respeito a taxas, prazos e modalidades de antecipação, por exemplo. Obviamente que não somos ingênuos a ponto de acreditar que um mercado dominado por um duopólio durante tanto tempo torne-se, de fato, extremamente competitivo em alguns meses. Entretanto, a forte disposição do Ministério da Justiça em olhar de perto esse setor e não descartar sanções para práticas anticompetitivas nos deixa otimistas de que as próprias empresas estarão mais vigilantes para evitar excessos. O próprio compartilhamento dos POS ? uma demanda antiga do comércio e da Fecombustíveis e que sempre era refutada por dificuldades técnicas? ? foi anunciada voluntariamente pelo setor no ano passado, com o objetivo de evitar uma intervenção direta do governo. Para forçar a concorrência, no entanto, precisamos também fazer nossa parte. Por isso, atenção redobrada na hora de fechar ou renovar contratos com as operadoras de cartão. Não assine qualquer contrato que imponha cláusula de fidelização, por exemplo, pois assim você se resguarda ao direito de trocar de operadora caso as condições oferecidas não sejam as mais satisfatórias. Não aceite também qualquer cláusula contratual que obrigue a cobrar os mesmos preços para pagamento com cartão de crédito e com dinheiro. Embora alguns órgãos de defesa do consumidor sejam contrários a essa prática, a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça e o Banco Central já se posicionaram favoravelmente à cobrança de preços diferenciados, o que pode ser o primeiro passo para que juízes comecem a mudar seu entendimento em relação a essa questão. Se ouvir como resposta que as referidas cláusulas são padrões e, portanto, não podem ser modificadas, busque outras opções no mercado. Não abra mão desse seu poder de negociação, que levou tanto tempo para ser conquistado e cujo sucesso vai depender de como irá se comportar o mercado daqui para frente. Outra boa notícia que trazemos nesta edição é o lançamento do Relatório Anual da Revenda de Combustíveis 2010. Trata-se de uma importante compilação dos principais fatos e números que marcaram o ano que passou, sob o ponto de vista da revenda varejista de combustíveis. Algo fundamental para documentar nossa história e permitir uma melhor avaliação e evolução do nosso setor. Além dos capítulos específicos sobre cada combustível, o Relatório mostra ainda como anda o licenciamento ambiental no Brasil e traz um breve relato da situação dos postos de combustíveis em alguns países da América Latina. A edição deste ano é especial porque homenageia o Jubileu de Ouro da Fecombustíveis, trazendo um capítulo sobre a história da instituição nesse meio século de existência, repleto de lutas e conquistas. Uma trajetória que se confunde com a de cada revendedor e que garantiu que o segmento de postos de combustíveis seguisse como uma atividade independente no Brasil. E continuaremos lutando para que a revenda seja uma atividade saudável e competitiva.  

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