Lições para aprender

Lições para aprender

Sempre que visito a NACS Show penso em quanto o mercado brasileiro ainda precisa amadurecer e se aprimorar até chegar ao atual estágio da indústria de conveniência norte-americana. Os números impressionam: são 146 mil lojas lá, ante quase 6,5 mil no Brasil, com vendas anuais de US$ 575 bilhões e cerca de 160 milhões de clientes por dia ? o que significa dizer que praticamente a metade da população norte-americana circula pelas lojas de conveniência diariamente. Obviamente, diante de realidades tão diferentes, muito do que hoje é mostrado na feira norte-americana não se aplica ao Brasil. Pelo menos por enquanto. Mas nos traz a dimensão exata das oportunidades que podem ser aproveitadas por aqueles revendedores que se capacitarem, investirem e se prepararem para passar de postos de gasolina? para postos de serviços?. Ou, como gosta de dizer Hank Armour: de postos de combustíveis que vendem alimentos para lojas de alimentos que vendem combustíveis. Um futuro que ainda pode demorar um pouco para chegar, mas que as cada vez menores margens dos combustíveis não deixam dúvidas de que está a caminho. Mesmo com a crise, o setor de conveniência tem mostrado crescimento robusto. Isso só foi possível graças ao trabalho feito nos últimos anos, provando o valor das lojas para os consumidores, que responderam incorporando-as ao seu dia a dia. Não é à toa, portanto, que grandes redes de supermercados estão investindo em formatos menores ? o que, por um lado, aumenta a concorrência dentro do segmento; mas, por outro, faz com que os hipermercados tirem o foco da venda de combustíveis. De qualquer forma, competição faz parte do mercado livre. E é bem-vinda. O caminho das lojas norte-americanas tem sido investir em logística, oferecer uma diversidade cada vez maior de produtos, responder aos anseios por alimentos frescos e saudáveis e, acima de tudo, tornar toda a experiência de compra mais agradável e rápida para o consumidor. Na parte de postos, a preocupação é com recuperação de gases, reciclagem de água, economia de energia. E eram várias também as opções de recipientes para armazenagem de arla-32, produto que chega ao mercado agora em janeiro de 2012 e será utilizado em tanque próprio nos novos veículos com motor Euro 5, que rodarão com S50 e S10. No entanto, o que mais me impressionou nessa última visita à NACS Show foi a forte mobilização do setor. A primeira grande vitória veio com a nova regulamentação para a indústria de cartões. Graças a um trabalho de dez anos, que envolveu corpo a corpo com líderes políticos, mobilização de revendedores, funcionários e clientes, mandando cartas, redigindo abaixo-assinados e se fazendo ouvir para enfrentar o enorme poder de fogo das instituições financeiras norte-americanas. Por esse caminho, eles conseguiram reduzir pela metade as taxas cobradas nas operações com cartões de débito e conquistaram o direito de cobrar preços diferenciados para pagamento em cartões de crédito. A luta ainda não acabou e, a ela, se somam muitas outras discussões envolvendo novas legislações e obrigações. Importante lembrar que não se trata apenas de brigar para incrementar os ganhos dos empresários. Acima de tudo, é uma batalha para evitar distorções, para impedir que grandes corporações monopolizem (e manipulem) o mercado, para que o governo ouça sua grande população de pequenos e médios empresários e de consumidores. Uma luta que só faz sentido e só terá resultados positivos se todos estiverem envolvidos.  

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