Longe do analfabetismo político

Longe do analfabetismo político

Não importa qual seja a fonte: sabedoria popular, manuais de autoajuda ou os papas da administração. Todos são unânimes em afirmar que não há melhoria, nem evolução, se primeiramente não colocarmos ordem na casa?. Isso pode se aplicar tanto para nossas atitudes diárias, quanto para a administração de nossas empresas e lares e também para a política. Estamos a poucos dias de escolher quem serão os prefeitos e vereadores que nos representarão pelos próximos quatro anos. O grande problema é que quase sempre as eleições municipais não são tratadas com a importância devida. Quantos de nós não chegamos às urnas sem ter a menor ideia em quem votar para vereador ou com o número de um candidato indicado por um amigo ou conhecido? Você seria capaz de dizer em qual vereador votou nas últimas eleições? E esse descaso com as eleições municipais não se restringe à escolha do vereador. Uma pesquisa recente do instituto Datafolha mostrou que 12% dos entrevistados no Rio de Janeiro votariam em qualquer um dos candidatos para prefeito, ou seja, não importando propostas ou plataforma de governo. E estamos falando de uma das maiores cidades do país, sede de importantes eventos internacionais nos próximos quatro anos. O que todos se esquecem é de que, com raras exceções, os cargos municipais são a porta de entrada dos políticos para a vida pública. São prefeitos que viram governadores ou vereadores que se projetam para voos mais altos em Brasília. Por isso, essa é a hora de escolhermos bem e analisarmos com lupa a atuação deles nos próximos anos. É imprescindível ter em mente que os municípios estão, cada vez mais, ganhando competências, o que requer pessoas bem preparadas para gerir os orçamentos que devem se ampliar ao longo dos anos. Os municípios já viram suas competências ampliadas nas áreas de saúde e educação e devem ampliar sua atuação na nossa atividade de revenda de combustíveis. Em dezembro do ano passado, a Lei Complementar 140, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, fixou as normas de cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios na questão da proteção ao meio ambiente. De forma geral, a ideia foi tentar delimitar áreas de atuação, evitando, assim, confusões de exigências e sobreposição de competências. Manteve-se, mas agora de forma mais expressa, o critério da abrangência do impacto para definir quem licencia. Ou seja, se o empreendimento trará impacto local, caberá aos municípios o licenciamento ambiental; se o impacto abranger mais de um município, será de responsabilidade do estado. A principal mudança, no entanto, ficou por conta da fiscalização. Agora, a competência para lavrar auto de infração e procedimento administrativo é exclusiva do órgão que fez o licenciamento, embora outros entes possam denunciar infrações flagradas. Por isso tudo, é importante que não nos isentemos de escolher nossos representantes municipais. Nunca é demais lembrar as palavras de Berthold Brecht, para quem o pior analfabeto era o analfabeto político, aquele que não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos e ainda estufa o peito dizendo que odeia a política. O poeta alemão já advertia que é dessa ignorância política que nasce o pior dos bandidos: o político vigarista e corrupto. Mais de meio século se passou desde que o poema foi escrito, porém, ele continua assustadoramente atual.

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