Lupa no abastecimento

Lupa no abastecimento

Pouco antes do final de 2012, recebemos a boa notícia de que a ANP adotou uma tolerância de 5 ppm no teor de enxofre do diesel S10, reconhecendo a impossibilidade de evitar contaminações ao longo da nossa complicada, e ainda repleta de produtos com elevado teor de enxofre, cadeia de combustíveis. É importante ressaltar que isso não altera em nada o fato de que vamos precisar redobrar os cuidados com transporte e armazenagem, além de coletar e guardar a amostra-testemunha. Sem a tolerância, no entanto, a revenda estaria fadada a fechar suas portas ou deixar de vender diesel, já que seria impossível garantir que o S10 que chega ao tanque do consumidor tenha apenas 10 ppm. Até porque não temos qualquer teste que possa ser realizado no posto, que nos permita averiguar se o teor encontra-se no patamar adequado. A decisão mostra que a Agência está atenta às necessidades do mercado. A ANP ouviu os agentes, foi a campo para constatar se as reclamações procediam e adotou as medidas cabíveis para garantir o funcionamento do mercado de forma eficaz, sem comprometer o abastecimento, nem colocar em risco as metas ambientais. Por enquanto, a introdução do S10 tem se dado de forma tranquila no mercado, sem grandes sobressaltos. Nem mesmo a esperada mudança de preço no novo diesel se concretizou, embora fosse dado como certo que o novo combustível teria valores significativamente superiores aos do S50. Estaria a Petrobras segurando o reajuste? Teria a estatal já majorado excessivamente o S50, por ocasião da sua introdução em todo o Brasil no ano passado? Difícil dizer, mas não será surpresa se alguma alta ocorrer nas próximas semanas. De forma geral, podemos dizer que os preços dos combustíveis mostraram relativa estabilidade ao longo do ano passado, com as oscilações devendo-se basicamente às variações do etanol ou dos custos com a logística mais complicada. Para 2013, entretanto, importantes  movimentações são aguardadas. O governo já admite que irá autorizar a Petrobras a fazer reajustes nas refinarias, provavelmente ainda neste trimestre. Além disso, é esperada uma elevação de 20% para 25% no percentual de mistura obrigatória do anidro na gasolina. A medida visa dar certa folga à Petrobras, que vem cada vez mais sendo obrigada a comprar gasolina lá fora para atender à demanda superaquecida no Brasil. Um dos pontos de preocupação para os próximos meses é com a logística. Embora eu não acredite em risco de desabastecimento nacional, os episódios recentes mostram que estamos no limite do uso das estradas, ferrovias e portos. Qualquer novo aquecimento no consumo vai estressar ainda mais, tanto a oferta, como a entrega dos combustíveis, causando faltas pontuais nos postos. Se tal situação gera o inconveniente de obrigar o consumidor a visitar um ou três postos até conseguir abastecer, para o estabelecimento representa uma verdadeira tragédia. Afinal, se não há produto, o empresário não fatura, embora continue arcando com todos os   custos fixos, que seguem iguais. A Petrobras está investindo em novas refinarias e ampliação da capacidade de tancagem,  buscando dar mais segurança ao sistema. As distribuidoras também estão trabalhando para aumentar sua capacidade de estoque. Tais esforços, no entanto, ainda devem levar algum tempo para mostrar resultados. Por enquanto, o mais importante é manter contato próximo com sua distribuidora e buscar fazer um gerenciamento rigoroso dos seus pedidos e estoques, de forma a evitar ficar com o tanque vazio. Se isso acontecer, documente seus pedidos e contabilize as perdas decorrentes dessa falta de produto. E mantenha seu consumidor informado sobre o problema. Afinal, se já não bastasse o prejuízo, sempre aparece alguém acusando o posto de esconder? o produto para vender mais caro depois. Ideia, obviamente, que só deve passar pela cabeça de quem nunca precisou administrar um negócio, especialmente um posto.

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