Mudanças nas estradas

Mudanças nas estradas

Desde que a Lei do Descanso (Lei 12.619) foi publicada, em abril do ano passado, autoridades, caminhoneiros e postos de combustíveis se perguntam como será sua implementação. Por afetar diretamente a revenda, a Fecombustíveis tem participado ativamente desse debate, tentando mostrar aos legisladores a realidade das estradas brasileiras. A grande questão que se quer responder é: onde os caminhoneiros vão cumprir o repouso diário, obrigatório? Atualmente, há em torno de 4,5 mil postos de combustíveis bem estruturados, com estacionamento, restaurante, banho, sanitários, oficinas etc. E, tradicionalmente, já são os postos de combustíveis que atendem os caminhoneiros de Norte a Sul do país, que buscam um lugar seguro para passar a noite, tomar um banho quente ou simplesmente parar e cozinhar seu almoço ou jantar. Uma pesquisa da SOS Estradas mostrou que, num universo de 576 postos, já existem 74.925 mil vagas prontas para atender aos caminhoneiros. Além disso, um levantamento da CNT mostra que há um posto a cada 22 quilômetros ao longo das rodovias estaduais e federais, o que reforça a boa distribuição da revenda nas estradas como pontos de parada. Mesmo os postos mais estruturados têm potencial de expandir suas áreas de estacionamentos. E os investimentos estão sendo feitos, mas eles não são baratos. Para se ter uma ideia, considerando um terreno com 30 mil m2, somente o custo da pavimentação ficaria em torno de R$ 1,2 milhão. Isso sem contar o valor do terreno e das instalações, como iluminação, cerca e sistema de segurança. Se houvesse incentivo do governo, por meio de uma linha de financiamento, todo processo de construção e reforma seria agilizado e a estrutura poderia estar pronta em um ano. Além disso, manter um estacionamento, com oferta de serviços de qualidade, tem um alto custo mensal. Obviamente, quem arca com investimentos tão elevados precisa ter retorno e, por isso, cobra por seus serviços. Em média, o valor da pernoite para um período de 11 horas fica em torno de R$ 25, valor que não chega a 1% do frete e poderia ser facilmente incorporado na planilha de custos das transportadoras, assim como já ocorre com os pedágios, por exemplo. Como o mercado é livre, é claro que devemos ter em mente que muitos arranjos vão surgir nos próximos meses, com estabelecimento de parcerias e descontos para determinados tipos de clientes. Mas não é possível acreditar que o revendedor possa oferecer tal infraestrutura de graça, especialmente para aqueles caminhoneiros que passam distante das bombas. As margens na venda de diesel são as mais achatadas do setor. A revenda sofre ainda a concorrência desleal dos Pontos de Abastecimento (PAs) irregulares. Sem custos de mão de obra ou de adequação ambiental, burlando a legislação ao permitir o uso de terceiros nas bombas e sem fiscalização, os PAs estão cada vez mais disseminados. Aliado a este fato, há a circulação de carretas nas estradas, com tanques extras que lhe permitem autonomia de aproximadamente 2,5 mil quilômetros, sem a necessidade de reabastecimento. O impacto é inevitável e vem transformando os postos de rodovia em paradas de caminhoneiros para fazer as refeições e descansar. Para corrigir os problemas acima, precisamos de fiscalização. Entretanto, temos, agora, a possibilidade de aproveitar um novo negócio, oferecendo infraestrutura de qualidade para os caminhoneiros. Com isso, não vamos apenas ajudar a reduzir o número de acidentes nas estradas, mas também gerar renda e emprego para as áreas em torno dos postos. Temos uma excelente oportunidade em nossas mãos, mas é necessário seriedade e profissionalismo para aproveitá-la plenamente.

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